Abas


   O curso online eu mal comecei. Minha matrícula vence em duas semanas. O curso presencial, eu não tenho certeza se faço, porque exige o agora e eu estou presa demais ao amanhã. Clico tão rápido que mal acompanho o raciocínio consecutivo a cada uma dessas informações. Estou em busca de algo, mas não sei nomear o que procuro: se a mim mesma, o esforço tem de ser maior que isso. Considero as possibilidades sem fim em que me encaixo, viajando para lugares tão distantes com apenas mais alguns cliques no mouse. Estou planejando anos, anos à frente de mim, ainda incerta sobre o que fazer com esta tarde monótona, mas crente de que logo estarei lá, pronta, a realidade de cada uma destas imagens virtuais rodeando minha percepção. Visualizo uma carreira acadêmica, uma experiência sabática, uma vivência longínqua mais empática. Vislumbro pedaços, detalhes destes futuros: diploma emoldurado na parede de um apartamento pequeno em uma rua silenciosa, o fogo de uma lareira desnecessária em uma cidade tranquila, um cachorro e um gato a me esperar na porta após a jornada de realização a que atendo no emprego ao qual aspiro. A vida nômade de quem quer abraçar o mundo, viver sem estabelecer raízes, tendo como parâmetro apenas a última experiência vivida em um carro transformado, vivendo à margem, cidadã do mundo. Coletora de histórias, ativista engajada, materialista enrustida, ou completamente desapegada? Então, o grito:

   - Filha, vem cá!

   A realidade toma conta, impiedosa. Diante de um computador antigo, cuja tela zune, tantas abas abertas quanto as opções que considero. Nenhuma delas veste o momento que vivo neste exato instante. Eu sou apenas isso agora e decepciona pensar que posso ser este tanto, este mínimo, ainda por uma eternidade. Levanto da cadeira a contragosto, desejosa pela fantasia do que não me cabe. Que magia é esta que exerce em nós o que ainda não é em prol do que já está? Encaminho o mouse ao x no canto da tela, pronta para encerrar esta visita vaga a uma eu que desconheço, mas não clico. Saboreio dentro de mim a infinitude que sou por não saber. Tento sorrir. É possível que uma destas seja eu, é possível que não. Há certo charme em não saber para onde levam as curvas de uma estrada, embora exista enorme receio em de que esta mesma estrada exija paradas longas, solitárias. Ambição demais? Ou todas as conjecturas são muito menos do que eu deveria almejar? Tudo parece estar ao alcance das mãos e, ainda assim, inacessível. Sinto um aperto no peito, e deixo que os questionamentos formem pilhas: como ser adulta sem ter aprendido a aceitar os limites no mundo? Como sonhar com tantas fronteiras intransponíveis? É possível decidir diante de inúmeras impossibilidades? Há o bastante em mim para tal?

   - É pra hoje!

   De fato. E talvez por isso seja tão difícil.


leiaseJella
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Estacas e Perspectiva

     Em Escrita Criativa, curso de graduação do qual faço parte, constantemente somos desafiados a escrever com base em textos renomados. Criação inspirando criação. O objetivo variar de aplicar a técnica de um texto a olhá-lo de perspectiva diversa, ou ainda ampliar as possíveis compreensões a partir da leitura que fizemos. A produção abaixo é fruto de um desses momentos: lemos o conto Estacas, de George Saunders, e fomos instruídos a contar os eventos narrados a partir da perspectiva de um vizinho. Minha resposta ao exercício não foi o que deveria ter sido e, justamente por isso, aprendi muito com essa releitura. O compartilhamento é essencial nesse caso não só pelo registro da minha rota de aprendizagem, como também para deixar claro (principalmente a mim) que "erro" é apenas uma forma de ver esse trabalho. 
   Convido todos a tentarem esse exercício em algum momento: ler e escrever para além do que é original à escritura - ou para tudo que ela contém implicitamente. Como escritora, sinto-me cada dia mais próxima dos autores que admiro, em busca constante pela manutenção do diálogo com suas obras. Esse exercício é mais uma forma de fazê-lo, de modo que espero ser este um conto que faz jus ao todo que este Estacas me trouxe. Que seja uma leitura, acima de tudo, interessante.  


Perspectiva
    Benjamin está com seis meses agora, mas quando olho lá para fora, não consigo parar de pensar em seus dois, três anos: o verde agora tão desabitado do quintal, ornamentado pelos brinquedos de cores vivas deixados para trás, marcando o rastro dos passos do meu filho. Visualizo pistas de carrinho, arremessos de futebol, corridas ao redor da casa, dinossauros e monstros dos quais ele salvará o mundo, heróis mascarados a povoar sua imaginação. Que histórias inventará para si mesmo? Que sonhos construirá para o futuro? Com ele no colo, a dormir sereno, sou tomado de assombro quando ouço o estrondo metálico da queda. Minha cabeça ergue de imediato: as estacas estão no chão, vencidas pelos novos moradores. Era marca registrada do meu recém falecido vizinho de porta, vesti-las de acordo com seu humor inconstante. Há no bairro quem conte da época em que ele o fazia com fantasias mais tradicionais, mas isso foi antes dos filhos saírem de casa. Daí em diante, fase que presenciei após a mudança, o poste do outro lado da rua virou meio de arte, correspondência ou escape, conforme a forma que escolhia para adornar sua cruz. Deixava incomodados seus arredores, mas nunca dei muita bola a suas esquisitices. Nenhum de nós podia culpá-lo por sentir, não caber e, então, extravasar as excentricidades que acompanham a velhice. Alguém com percepção artística talvez visse ali potencial suficiente para escrever uma história, ou um ensaio qualquer, enquanto uma mente mais aguçada, talvez enxergasse o tema de sua próxima pesquisa. Eu só achava engraçado. Não que importe agora: claramente, meus novos vizinhos de porta discordam de suas manifestações. Torno a olhar para Benjamin, tão pequeno, mas já receptor de tamanhas expectativas: quem será essa criança conforme cresce? Será ele do tipo que envelhece com calma, ou do tipo que recebe a idade tumultuado? Imagino uma cruz cravada na entrada da nossa casa, seus espantalhos expostos ali, e só consigo pedir, em silêncio, que ele nunca precise de um desses por solidão.


O livro em que Estacas se encontra é Dez de Dezembro, coletânea de contos do autor George Saunders (traduzidos por José Geraldo Couto), publicada no Brasil pela editora Companhia das Letras em maio de 2014. É possível ler trechos do livro através da amostra disponibilizada pelo Google Livros em: https://bit.ly/2lYyLdT, e/ou adquiri-lo pelo link: https://amzn.to/2M2KKk0. 

(imagem: Unsplash)


leiasejella
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Inenarrável! (ainda que, claro, eu tenha tentado fazê-lo)

   Faltariam dedos no corpo para contar o número de fotos de pôr do sol que já vi por aí, isso sem mencionar os muitos pedacinhos deste momento que presenciei pelos entardeceres aleatórios destes meus vinte e dois anos de vida. Reunir tal repertório me encheu de vontade de ver o evento em si para curtir cada minuto do espetáculo que eu acreditava ser a observação da nossa estrela-mãe em sua despedida poente.
   Neste último feriado, dia oito de setembro, me foi dado este presente. No recém inaugurado Parque Moacyr Scliar - nome dado à Nova Orla do Gasômetro, pós-revitalização -, um dos pontos turísticos desta minha amada (embora conflituosa) Porto Alegre, em um dos decks lotados de conterrâneos a lagartear no solzinho, assisti, enfim, ao meu primeiro pôr do sol por inteiro. E foi espetacular!
   Impressionante como foram necessárias horas até que a estrela tangenciasse o horizonte, mas apenas poucos minutos para que as árvores do outro lado do Guaíba consumissem a luz alaranjada a pintar cada um de nós, embasbacados espectadores. Este cenário por muitos anos me foi vendido como o pôr do sol mais bonito do mundo; não conheço muito além das áreas limítrofes de minha localização inata, mas acredito nesta afirmação: a imagem deixa marcas estampadas na retina de qualquer um. O resto do mundo precisará de esforços hercúleos para superar esta paisagem - e tenho dito!


   Como em todos os casos de manifestação da beleza extrema, quando ela existe por si própria, sua aparição foi fugidia: tomou apenas o espaço de tempo necessário para impressionar a quem entendesse a completude de sua presença e, então, se pôs, deixando-nos à merce da noite e da lembrança. Pelo assombro proporcionado - e pela natureza humana que me é intrínseca - tentei registrar por lentes imperfeitas a passagem esplendorosa da perfeição e, como esperado, falhei. Câmera alguma é capaz de capturar a grandeza desta cena, seu impacto e a torrente de certezas que acompanham a comparência: somos seres diminutos em um mundo à deriva na escuridão desconhecida, banhados diariamente pelo espetáculo do Sol, e por todas as promessas de recomeço para aqueles que o receberão logo após sua retirada de nosso campo de visão. É impossível não pensar nos milagres dos quais somos feitos, ao contemplar a complexidade do universo que integramos. Uma realização para a alma, antes de qualquer outra coisa.
    Questiono meu léxico enquanto escrevo, ao recordar o colorido do céu (e de todo nós, por consequência): não sei se palavras são capazes de expressar o encanto que me foi somado ao acompanhar este fim de tarde. Há um brilho único - com o perdão do trocadilho - em sentir na pele o calor do Sol que, magnificente, anuncia sua abrangência ao outro lado do planeta. Perguntei-me à beira do lago, e pergunto-me agora: como bastar-nos pelo azul pálido de um céu abandonado após este horizonte em chamas? Se algum dia houver resposta a este questionamento, talvez após repetições frequentes deste exercício de atenção tão enriquecedor, prometo compartilhá-la aqui. Até lá, busco nestes cliques errantes reviver, dentro de mim, a singularidade desta experiência.
  
leiaseJella
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Sobre ciclos que terminam



    Clichê demais utilizar o dia primeiro de janeiro para refletir, mas como fugir da contemplação da retrospectiva?
   2017 foi um ano intenso. Intensidade: palavra que melhor descreve tudo que vivi e senti conforme avançavam os meses. Me percebi em uma batalha constante de mim comigo, de mim com expectativas alheias, de mim com as regras de conduta impostas pelo mundo que nos cerca. Me vi questionando minhas atitudes, o contexto em que estou inserida e todos os planos de futuro já em andamento. Tomei consciência de muitas verdades, fortaleci crenças e mudei tanto que é curioso olhar para a minha eu de 365 dias atrás e percebê-la como parte deste processo.
   Ao longo de 2017 conheci pessoas que me apresentaram novos filtros para o mundo que me cerca, que ampliaram minha visão de mundo, mudaram meus ângulos de observação e consolidaram a certeza de que é necessário que estejamos dispostos a explorar o que nos foge em nome de compreender o que não nos é inato. As tantas influências que fizeram o meu ano lapidaram minhas motivações e trouxeram lições valiosas sobre trabalho árduo e dedicação na trajetória rumo à conquista de quaisquer objetivos que tenhamos.
   Pela primeira vez, com tantos altos e baixos, me vi como o ser humano falho, incompleto e peregrino que sou, e foi libertador. Dar-me por conta disso, permitiu que eu aceitasse os momentos de dúvida e angústia com serenidade, permitiu que eles fossem extravasados ao invés de contidos, porque, afinal de contas, dias ruins fazem parte da vida e é preciso que aprendamos a admitir nossa vulnerabilidade quando eles acontecem. Permitiu também que eu experienciasse os momentos de contentamento com entrega total, ciente de quão merecidas foram as conquistas que acumulei e quão privilegiada fui por ter topado com tão engrandecedoras possibilidades. 
   Por toda a vida ouvi que temos de ser práticos antes de ser sonhadores. No país em que vivemos, presenciando tamanho caos, entendo a difusão dessa ideia. Entender, entretanto, nunca ofereceu a mim a certeza que parecia emanar de quem proferia tais palavras. Ao longo dos últimos anos me vi presa em meio a uma situação que mais confundia meus valores, que os colocava em evidência. Fazer caber nessa ideia todos os meus objetivos sempre me pareceu impossível - e o era -, de modo que quero deixar registrado aqui o meu agradecimento a todos os pormenores que me trouxeram ao momento que vivo agora, local no tempo em que meus sonhos puderam, enfim, falar mais alto
   Vivo a virada de ano com o coração batendo forte, ansioso, por tudo que 2018 traz consigo. Deixo 2017 com aprendizados acumulados, concepções ampliadas e muitas dúvidas a sanar neste novo capítulo. Espero reviravoltas que sacudam meu mundo, obstáculos que me façam mais forte, constatações que desestabilizem minhas certezas e momentos de emoções intensas. Intensidade: palavra esta que espero, mais uma vez, ser regente dos próximos doze meses. 

leiasejella
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Criação literária e escrita como prática diária


"It is only by writing, not dreaming about it, that we develop our own style." (PD James)
   Desde que me entendo por gente o sonho da minha vida é escrever: escrever sobre o que vejo, sobre o que sinto, sobre o que imagino, sobre o mundo ao meu redor e aqueles que vivem em mim. Sou apaixonada pela intensidade que as palavras criam, por quão imersivas elas se mostram e por quão convidativas soam as ideias intrincadas que expressam. Empolgada por exercitar minha criatividade e crente fervorosa de que, como disse PD James, é apenas escrevendo, não sonhando com fazê-lo, que desenvolvemos nosso estilo de escrita e aprimoramos tal habilidade, resolvi começar um desafio de criação literária. A ideia surgiu depois de encontrar o 642 things to write about: um livro interativo que propõe ao leitor escrever sobre 642 situações, temas ou sugestões quaisquer. Pesquisando mais, descobri uma lista traduzida com mais de 300 dessas sugestões e um grupo no facebook intitulado 642 coisas sobre as quais escrever: uma comunidade de autores que diariamente compartilham suas produções, a partir do sorteio aleatório de números dessa listinha (que está disponível aqui). Curiosa por ver como me saio escrevendo sobre temas surpresa e sempre em busca de me melhorar, cá estou para oficializar esse desafio. Por mais que escrever sobre o cotidiano me traga conforto, criar é um tanto mais libertador, logo os textinhos postados por aqui referentes a esse projeto serão, em sua maioria, contos e inícios de narrativas fictícias que me surgirem à cabeça (qualquer semelhança com a realidade que nos cerca é pura coincidência). 
   O site que escolhi usar para fazer o sorteio é o Sorteador (e o primeiro tema do projeto é o de número 194, cujo resultado sai na terça-feira #staytuned). Por hoje, como esse post inicia uma série de relacionados, decidi reunir aqui indicações interessantes sobre escrita criativa: artigos, livros, vídeos e links que me inspiram e auxiliam na tarefa de lapidar minhas criações e fazê-las tão tocantes e vívidas quanto desejo que sejam.
   A começar por artigos (olá, Medium!), esse e esse são dois adoro, por trazerem dicas que abrangem o processo de escrita como um todo (da ideia à revisão) e por abordarem a criação literária como algo possível e físico, ao invés de puramente abstrato e inalcançável. Escrever é prática, é exercício, é disposição. É importante que tenhamos em mente que todo autor estuda escrita, que todo autor tem seus mestres e necessita aprender certas lições que garantam o aperfeiçoamento de seu trabalho. Apesar de ser sempre incrível escrever durante momentos de extrema inspiração e foco, precisamos separar esses momentos raros do cotidiano real de um escritor. Inspiração existe sim, mas só dedicação e persistência constantes te farão mais seguro, produtivo e realizado com os teus escritos.
"It’s a simple and generous rule of life that whatever you practice, you will improve at." (Grande magia, Elizabeth Gilbert)
   Sobre isso, inclusive, um canal sensacional no YouTube é o do autor Henry Alfred Bugalho, que compartilha não apenas as maravilhas e dissabores de seu cotidiano, como também oficinas e práticas para nos incentivar a produzir mais e aprender sempre. O link para o canal é esse aqui.
    Quanto a livros, dois que são grandes lições de criatividade (que é a nossa matéria-prima) são Grande Magia, da autora Elizabeth Gilbert e Palavra por palavra, da autora Anne Lamott. Apesar de em Grande Magia o foco não ser escrita criativa, como Elizabeth é autora em tempo integral muito da rotina dela enquanto artista é passada para nós através das dicas e pensamentos compartilhados. O livro parece mais uma conversa que uma leitura propriamente dita. Palavra por palavra, por sua vez, é uma oficina de criação literária em capítulos somado a guia de como ser um artista. O livro engloba assuntos que vão desde o momento em que nos percebemos escritores, até a publicação de nossas histórias. Anne fala sobre sua trajetória, as dificuldades até que se consiga estabelecer no meio, os questionamentos que acompanham cada produção e truques que podemos utilizar para nos afirmarmos mais e mais como autores que somos - tanto frente ao mundo quanto frente a nós mesmos.
"But how?" my students ask. "How do you actually do it?"
You sit down, I say. You try to sit down at approximately the same time every day. This is how you train your unconscious to kick in for you creatively. So you sit down at, say, nine every morning, or ten every night. You put a piece of paper in the typewriter, or you turn on the computer and bring up the right file, and then you stare at it for an hour or so. You begin rocking, just a little at first, and then like a huge autistic child. You look at the ceiling, and over at the clock, yawn, and stare at the paper again. Then, with your fingers poised on the keyboard, you squint at an image that is forming in your mind - a scene, a locale, a character, whatever - and you try to quiet your mind so you can hear what that landscape or character has to say above the other voices in your mind." (Palavra por palavra, Anne Lamott)
   Uma série incrível para acompanhar o processo criativo e a batalha diária que é lapidar ideias é Jane the virgin, uma original Netflix, que tem como inspiração as telenovelas mexicanas (recheada de drama, espanhol e romance). O seriado é uma baita indicação seja você aficcionado por escrita ou não, mas se é te digo que Jane é nossa representação fiel. Ela tem de equilibrar seu sonho de escrever, com um emprego formal, faculdade e filho, o que para muita gente é a realidade: por mais que queiramos fazer da escrita rentável, enquanto ela não o é, há muito a fazer funcionar junto para que possamos nos dedicar a esse ofício. Conforme Jane escreve suas histórias somos apresentados a seus personagens, a seus enredos e a suas motivações por um narrador que é outro ponto alto em Jane the virgin.
   Para finalizar, conteúdo disponibilizado por agentes literários e profissionais do mercado editorial são de enorme ajuda. Sites, newsletters, oficinas, fóruns... Eu acompanho vários e diariamente descubro outros muitos. Há para todo gosto, todo tipo de escrita, todos os gêneros e nichos literários que se possa imaginar. Alguns dos meus favoritos são: Escreva sua história, Vivendo de inventar, Well-storied, Metamorfose e Nano.
   Espero, de coração, que essas indicações te incentivem a apostar nas tuas palavras, como pretendo com esse desafio de escrita. Se tiver indicações a compartilhar, não deixa de compartilhar comigo nos comentários. Vou adorar conhecer!

leiasejella


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Uma coleção de links para (re)visitar


   Quem não coleciona artigos e links interessantes para revisitar, que atire o primeiro mouse.
   A aba de favoritos do meu navegador está sempre tão lotada de links que me vejo obrigada a fazer seleções de tempos em tempos. Esse post é minha ideia mais recente de filtro e, espero eu, um lembrete eficiente do tanto de coisinhas legais que coleciono no tempo que passo conectada. Não há qualquer categorização por aqui: apesar de certos artigos serem similares a outros a ideia é colecioná-los reunidos nessa mistura.
   Comecemos por esse post gracinha que reúne ilustrações lindas do artista Pascal Campion retratando de modo super delicado momentos do cotidiano ao qual deveríamos dar mais valor. Ó aqui alguns sketches lindinhos que ele publica no blog que mantém:


   Gostou? O artigo é do site Tudo Interessante e o link é esse aqui. Através das redes sociais ele também compartilha um pouquinho do trabalho lindo que faz, então facebook, tumblr e twitter também valem muito os respectivos cliques.
   Outros três ilustradores que descobri recentemente e não canso de acompanhar são a Diéssica, a Cassandra e o Cameron. São tantos desenhos incríveis que eu não consigo apontar favoritos.
   Quanto a audiovisual, tenho três links incríveis a compartilhar. O primeiro é o podcast Portrait of a Freelancer, produzido pela Ariel Bissett. É impressionante quão fluída é a fala da Ariel: já acompanho os vídeos do canal literário há anos pelo tanto de reflexões interessantes e interação que ela proporciona por lá, de modo que descobrir outro meio de ouvi-la e saber mais da rotina criativa que mantém muito me inspira. Adoro o modo realista como ela expõe seus pensamentos e dialoga com os ouvintes. Vale muito a pena escutar, seja você freelancer ou não.

   Outra youtuber querida que mais uma vez me deixou de coração quentinho foi a JoutJout. É inacreditável como Júlia consegue conversar comigo. Nessa coleção de links cabe tranquilamente o canal inteiro como recomendação, mas para ser um tantinho mais específica, selecionei esses três vídeos aqui, aqui e aqui em que ela fala sobre ansiedade, realização profissional, foco, padrões e sociedade. Fico embasbacada diante de quão certeira ela é ao abordar temas que afligem imensamente. Assistam, assistam e assistam!
   Além de vídeos e áudio, fotografias têm sido um dos meus maiores referenciais. Sei bem pouco sobre fotografia profissional e, infelizmente, não sei clicar fotos tão lindas quanto as que admiro, mas todo o meu amor e reconhecimento vai aos profissionais e amantes dessa arte que tenho encontrado pelas redes sociais. Deixo aqui linkadinhos os perfis do Guilherme Rossi e Leandro Walicek, cujas fotografias me deixaram sem palavras. Do ângulo às cores, a profundidade que cada registro passa é de arrepiar. Separei alguns dos cliques deles para compartilhar por aqui, mas lá no insta vocês encontram muito mais:


   Como vegetariana e amante de culinária que sou, também saio colecionando receitas sempre que elas me abrem o apetite. Duas das que mais gostei (e que ficaram tão deliciosas como prometido) são a torta vegana de chocolate, publicada pelo blog Vai comer o quê? e a conserva de cogumelos, postada pelo site Sabor Sonoro que acompanha bem qualquer comidinha.


   Para encerrar, e como não poderia deixar de ser, tenho textinhos (e uma listinha) a compartilhar com vocês. Começando pela listinha (olá, Buzzfeed!), salvei essa por ter me identificado muito. Somos constantemente levados a acreditar que relacionamentos são o auge de nossas vidas, o momento pelo qual devemos ansiar e para o qual devemos nos preparar todos os dias na busca por oferecer o melhor de nós e fazer com que dure tanto quanto possível. Afinal, quando acabar o que será de você? Eu não poderia discordar mais desse pensamento coletivo. Ao longo dos últimos anos tenho buscado compreender melhor a mim mesma e isso inclui aprender a ficar sozinha, me bastar e apreciar minha própria companhia... Me ver como um ser humano inteiro, completo, merecedor. A listinha é compatível com esse exercício tão necessário porque apresenta dicas de locais e eventos aos quais todos deveríamos ir sozinhos ao menos uma vez. Prometo que a experiência é transformadora!
   Sobre carreira e futuro, dois me chamaram muita atenção: esse da jornalista Mariana Kalil, que fala sobre aceitarmos mais a nós e ao nosso ritmo, e esse da Loui, publicado no Casal sem vergonha, que fala sobre realização profissional. Ambos me fizeram pensar bastante, respirar fundo e ter mais coragem para enfrentar todas as dúvidas que permeiam meus pensamentos.
   Por fim, Medium. Que plataforma sensacional! Faz pouco tempo que registrei uma continha e a cada dia me vejo mais encantada pela qualidade dos textos publicados. É impressionante quão reflexivos e inteligentes são os conteúdos e quão dedicados são os autores que se propõe a escrever por lá. Foi muito complicado eleger apenas seis textinhos para compartilhar nesse post, mas enfim cheguei a um consenso comigo mesma (de todo modo vou deixar aqui linkadinho o meu perfil, onde salvo todos os meus favoritos conforme leio). Os que selecionei para essa coleção são os seguintes: 1 (sobre blogosfera feita por amor, não obrigação), 2 (sobre o mal de uma juventude que se vangloria por fazer o básico), 3 (sobre aprender a ter disciplina para conquistar objetivos), 4 (sobre a busca desenfreada por satisfação externa para suprir o vazio que nos habita), 5 (sobre quão necessário é que continuemos a contar histórias) e 6 (sobre reconhecer que não sabemos nem precisamos saber de tudo).
 E vocês aí, tem algum link queridinho a compartilhar? Eu vou adorar visitar.

leiasejella


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Quando começamos a viver?


 
    Alguns dias atrás, no ônibus a caminho de casa, estava eu (mais uma vez) questionando minhas escolhas: afinal, estou no caminho que leve à realização pessoal que tanto almejo?
   Para mim, apesar de qualquer dúvida ou incerteza que pudesse surgir, o período pós-ensino médio seria de tranquilidade por estar mais próxima de atingir meus objetivos. É com certo pesar que escrevo que não experienciei essa sensação nem um dia sequer de lá pra cá. A verdade é que comecei o meu primeiro ano de graduação já pensando no passo seguinte, e desde então é como estou: sem aproveitar o que me acontece no presente, direcionando energia e esforços em para onde ir a seguir. Talvez seja imaturidade minha, falta de experiência para lidar com as pressões do mundo; uma causa palpável: com 21 eu não esperaria saber gerenciar tudo que me acontece. Seja essa a razão, ou outras quaisquer, o fato é que me vejo em estado de espera. Há muito coleciono expectativas quanto a cada fase da minha vida, alimentando-as na crença inocente de que são apenas um vislumbre do que cada uma trará consigo. Tê-las tão vívidas trouxe certa paralisia pela compreensão do amontoado de possibilidades que não verão a luz dos meus dias. Já dizia Dalí: so little of what could happen does happen (em tradução livre: tão pouco do que poderia acontecer acontece). Queria eu ter prestado mais atenção a essas palavrinhas para evitar tamanha confusão. 
   Percebi, sentada naquele ônibus lotado de fim de tarde, que estou constantemente em busca do momento em que minha vida deixe de ser um planejamento do que ainda não aconteceu, para ser o momento presente ao qual não dedico minha atenção. Priorizar o amanhã tem se mostrado incompatível com experienciar a graça e a beleza dos momentos que estão bem debaixo do meu nariz. Tenho escolhido uma vida que nem chegou em detrimento da que tenho em mãos, pela necessidade de garantir um futuro que desconheço sem, entretanto, fortalecer minhas raízes no hoje. Quero mais do que é possível obter pela vivência de uma dia por vez e isso me deixa angustiada.
   Ter tal questionamento como cerne da aflição que sinto trouxe um alerta quanto aos erros cometidos na condução das minhas expectativas e ambições. De que me vale ter o futuro em curso, quando meu presente se perde em dias de dúvidas? De que me vale a promessa de um tempo ao qual ainda não tenho acesso, quando deixo ir aquele que me rodeia? Tais indagações só ressaltam a certeza de que não é possível retroceder, de que só posso moldar o tempo que tenho à frente e que é preciso fazê-lo valer.
   Com essa constatação, que em primeiro momento pode parecer óbvia se a consciência dessa verdade já integra os teus dias, vejo que a solução pode ser mais simples do que eu imaginava. Frequentemente identificar o problema, assumi-lo, é a parte mais difícil. Uma vez que reconhecemos o monstro contra o qual tão intensamente duelamos, vencê-lo é apenas mais um degrau da escada a subir. Eu, que sou excessivamente questionadora e sempre penso demais, preciso desacelerar. Um tanto a menos de afobação por desvendar o que não sei e pressa para conhecer os desdobramentos dos meus esforços, somados a porções extras de desapego da necessidade por controlar cada etapa, são a saída para ter a tranquilidade que me foge. Para que sejamos mais leves é imprescindível o entendimento de que dúvidas compõe o curso de amadurecimento e que não ter todas as respostas só atesta a nossa humanidade.
   Como tudo na vida, isso é um processo. Somos seres de hábitos e mudar sempre traz turbulências. É preciso disposição e entrega para abrir mão do que nos vestiu em prol do que melhor nos serve, mas o que seríamos sem o aprimoramento contínuo de nós mesmos? Ainda há muito a fazer para incorporar essa conclusão aos meus dias, mas ter tê-la frente à insatisfação crescente que me fazia refém vale cada segundo da tarefa de atualizar essas estruturas consolidadas.

(imagem: Pinterest)
leiasejella

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